quarta-feira, 20 de maio de 2015

Grupo evangélico tenta resgatar viciados das cracolândias de Natal

"Vender meu corpo, roubar, quase matar". Laura Dantas Rodrigues de Oliveira, de 21 anos, enumera assim tudo o que aconteceu em sua vida por causa do crack. Como milhares de pessoas que caem na armadilha dessa droga, ela teve a vida destruída. Natural de São Pedro da Aldeia (RJ) e desde a adolescência vivendo em Natal, a jovem encontrou esperanças de deixar o vício no projeto Saqueando o Inferno, que mantém lares para ajudar dependentes químicos. Laura está em uma dessas casas há quatro meses.

Laura está afastada do marido, do filho e dos pais. "Eu tinha tudo: paz, casa, família. Meus pais se afastaram de mim, chegaram a nem querer ouvir minha voz", diz.
Eu tinha tudo: paz, casa, família. O crack destruiu minha vida."
Laura Oliveira, 21 anos, interna

Por causa do vício, ela teve que passar a guarda do filho para os pais dela, que moram no Rio de Janeiro. “O crack destruiu minha vida. Mas agora vou me livrar desse vício e recuperar tudo o que perdi”, afirma.

Laura vive em uma granja em Parnamirim, na Grande Natal. Ela divide as tarefas da casa com outras mulheres que também estavam nas ruas.

Lá, elas têm abrigo, refeições e conforto espiritual. Não pagam nada por isso. O custeio fica por conta de um grupo de evangélicos que há 8 meses decidiu criar o projeto. Além do lar das mulheres, o grupo ainda mantém outros locais que ajudam homens: uma fabriqueta de tijolos também em Parnamirim e um lar em Ceará-Mirim, na Grande Natal.

(Veja no vídeo acima depoimentos de integrantes do grupo e de internados nos lares)

O projeto
“O Saqueando o Inferno é a junção de outros projetos que já existiam. Já estávamos ajudando as pessoas nas ruas e sempre sentíamos falta de dar mais apoio para que elas deixassem as drogas, principalmente o crack. Foi quando decidimos montar esses lares”, explica o policial militar Artur Emiliano, um dos coordenadores do projeto.

Antes de ir aos quatro bairros, grupo faz oração na avenida Jaguarari (Foto: Fred Carvalho/G1)



A maior dificuldade é retirar as pessoas das ruas. Todas as segundas-feiras, o grupo – cerca de 30 pessoas – vai a quatro pontos onde há venda e consumo de drogas em Natal: Lagoa Nova, Cidade Alta, Ribeira e Paço da Pátria.

“Ninguém que vai para os nossos lares faz isso de forma obrigada. Nós temos que convencer cada um. Usamos uma isca para atrair as pessoas: distribuímos um sopão, pães e roupas. Enquanto elas comem, nós aproveitamos para falar um pouco sobre a palavra de Jesus Cristo e convidamos essas pessoas a darem a si mesmas uma chance. Se quiserem mudar de vida, levamos para os nossos lares”, diz o comerciante João Maria Peixoto, também coordenador do Saqueando o Inferno.

João Grandão, como era conhecido, é um ex-PM condenado por assassinatos e formação de quadrilha no Rio Grande do Norte, e que segundo o Ministério Público liderava um suposto grupo de extermínio que agia na Grande Natal. João ficou preso por 16 anos e hoje está no regime semi-aberto.

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